sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Como está o seu machado?

Um dia desses eu estava relembrando minhas passagens profissionais, e em quais momentos eu me sentia feliz e motivado, e em quais momentos eu sentia o oposto, e cheguei a uma conclusão: meu prazer em trabalhar foi desenvolvido antes mesmo do meu primeiro emprego e estava relacionado a produzir conteúdo e absorver conhecimento.
Vocês já ouviram a história do jovem lenhador? Vou contá-la brevemente para os que não a conhecem: Em uma grande fazenda havia um lenhador experiente, seu filho havia acabado de ganhar seu primeiro machado, que brilhava de tão novo, e era tão afiado quanto uma espada samurai, o menino ganhou o machado por ter atingido a idade que seu pai julgava adequada. E lá foi o jovem aprender o ofício. A cada nova lição do pai, o jovem cortava mais e mais árvores, aumentando a produção diariamente, até que o pai percebeu que o jovem já não precisava mais de suas aulas. O garoto então começou a cortar árvores sem supervisão, e após alguns dias o jovem percebeu que sua produção estava caindo. Um dia cortou 20 árvores, no dia seguinte 19, e no seguinte trabalhou uma hora a mais e mesmo assim cortou apenas 18 árvores, então ele decidiu ir falar com o pai, lenhador experiente: "Meu pai, eu não entendo o que está acontecendo, estou fazendo tudo como o senhor me ensinou, mas a cada dia que passa corto menos árvores, o que pode estar acontecendo?", e o pai lhe respondeu "Desde quando você não afia o seu machado?"
No nosso cotidiano estamos sempre pressionados a entregar no prazo, iniciar um projeto assim que o outro termina, e ao mesmo tempo que fazemos outros 200 paralelamente, e de repente temos um problema naquele outro projeto que foi impecavelmente entregue a um mês. Esta é a vida da maioria de nós, e quando é que paramos para afiar nosso machado?
Antes dos meus 18 anos eu aprendi a construir webpages, e o que eu fazia naquela época era justamente uma dança entre produzir conteúdo e absorver conhecimento, até mesmo porque novas tecnologias para construção de páginas para a internet apareciam a cada dia, e eu sempre colocava em prática o que aprendia. E colhia muitos bons resultados. Minha primeira renda com programação web foi aos 15 anos, quando fiz um script para ser usado em um dos sites da universidade PUC.
Quando digo absorver conhecimento, não estou relacionando a apenas aprender algo novo, mas também a ver novas tendências, conversar com pessoas diferentes, discutir problemas que não são seus e nem são da sua empresa, discutir pontos de vista diferentes e compreendê-los em sua totalidade, mesmo que totalmente contrários às suas crenças.
Eu sinto que a produção no trabalho começa a cair quando estamos olhando para nossas tarefas com as mesmas ferramentas velhas e desgastadas. É preciso parar para absorver e conhecer novas ferramentas, limpar algumas outras e descartar aquelas que não precisamos mais. É preciso estimular as equipes a afiarem seus machados, principalmente quando não estamos produzindo como gostaríamos, ou quando nos sentimos desmotivados. A absorção de conhecimento pode ser o momento para a injeção de novas ideias e motivação para mais uma temporada produzindo conteúdo e cortando árvores com precisão e felicidade.
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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Suposições, ajudam ou atrapalham?

Ano passado comecei a me interessar sobre como utilizamos suposições para resolver problemas do cotidiano, e passei a prestar atenção em como as pessoas elaboram suas hipóteses, para então entender dois aspectos: as suposições são utilizadas corretamente? E, é possível entender melhor a personalidade de uma pessoa com base em suas suposições?


Afinal as suposições ajudam ou atrapalham?

Separo as suposições em dois níveis: suposições iniciais, e suposições definitivas. Esta divisão é baseada na ação após a criação da hipótese.

As suposições iniciais são aquelas quando levantamos hipóteses como ponto de partida para a solução de uma questão, essas hipóteses são a base para testar o que queremos provar ou reprovar. Um experimento científico é um bom exemplo, com o objetivo de testar a eficácia de uma teoria, o cientista cria situações hipotéticas, segue para a etapa de investigação e então baseado nos dados obtidos chega a uma conclusão. Assim, as suposições criam perguntas e caminhos para coleta de informações, tratamento das informações, e a um resultado compatível com a realidade.

Já as suposições definitivas são aquelas que foram iniciais em algum momento, porém não houve qualquer investigação, nem coleta de informações, e muito menos resultado, e assim tornaram-se definitivas, sem base. É como se o cientista do exemplo anterior, diante da teoria, formulasse algumas suposições e simplesmente concluísse o teste baseando-se na hipótese que mais lhe convém.

As suposições são usadas corretamente?

Eu diria que não, pois basta começar a prestar atenção e perceber que quando as pessoas enfrentam uma hipótese, elas simplesmente se calam, ao invés de investigarem se a hipótese é válida ou não.

Um exemplo disso é quando um cliente entra em uma loja e dirige-se ao departamento de acessórios, o vendedor então começa a criar hipóteses, se o cliente irá mesmo comprar ou está apenas pesquisando, se o cliente quer apenas um item daquele departamento ou se quer itens de outros departamentos, e por aí vai. O vendedor mais investigativo perguntaria quais itens o cliente está interessado, e algumas outras perguntas para entender a necessidade daquele cliente. Já o vendedor de suposições definitivas, tende a oferecer diversos produtos sem perguntar ao cliente qual sua necessidade.

Mas nem tudo está perdido, pergunte-se: será que investigo as suposições que crio? A investigação de suposições pode ser treinada e desenvolvida.

Ao deparar com hipóteses, é necessário investigar, ou seja, procurar pelas perguntas certas, que trarão as respostas e informações necessárias e confiáveis, para chegar a uma conclusão.

É possível entender melhor a personalidade de uma pessoa com base em suas suposições?

Acredito que sim. A personalidade influencia diretamente como as suposições são trabalhadas em nossas mentes. Pessoas mais racionais tendem a ser mais investigativas, e consequentemente conseguem trabalhar melhor as hipóteses e extrair bons resultados. Porém, mesmo as pessoas racionais podem cair na armadilha da suposição definitiva, principalmente quando o propositor da hipótese entende que já possui preliminarmente toda a informação necessária para chegar a uma conclusão, e então não coleta as informações realmente necessárias.

É possível entender melhor a personalidade de um colega, cônjuge e até mesmo do chefe, prestando atenção em como as suposições são trabalhadas por cada um deles. Pense nisso, quanto melhor as perguntas que você fizer para cada suposição, maior o seu potencial para resolver os problemas. Note que é quanto melhor (qualidade) e não quanto maior (quantidade), quando estiver pensando nas perguntas.

Seja no trabalho ou nos relacionamentos, suposições podem ser prejudiciais quando não investigadas. Mas ao mesmo tempo podem nos ajudar, principalmente quando criamos o ambiente em que as hipóteses são confrontadas com perguntas e respostas, baseadas em informações externas e confiáveis, que nos levarão a um resultado que vai de encontro com a realidade.